quarta-feira, 24 de junho de 2009

fotografia pinhole (contribuição da http://www.eba.ufmg.br/cfalieri/pinhole.html)

FOTOGRAFIA PINHOLE

Pinhole é um processo alternativo de se fazer fotografia
sem a necessidade do uso de equipamentos convencionais. Sua câmera artesanal pode ser construída facilmente utilizando-se materiais simples e de poucos elementos. O nome inglês Pinhole ou Pin-Hole pode ser traduzido como “buraco de agulha” por ser uma câmera fotográfica que não possui lentes, tendo apenas um pequeno furo (de agulha) que funciona como lente e diafragma fixo no lugar de uma objetiva. Também conhecida como câmera estenopeica, a pinhole é basicamente um compartimento todo fechado onde não existe luz, ou seja, uma câmara escura com (normalmente um) pequeno orifício. A diferença básica da fotografia pinhole para uma convencional está em sua ótica. A imagem produzida em uma pinhole apresenta uma profundidade de campo quase infinita, ou seja, tem um foco suave em todos os planos da cena (tudo está focado).


CONSTRUÇÃO DA CÂMERA PINHOLE

Para se fazer uma pinhole é muito fácil; basta termos à mão o material necessário, que pode ser desde uma simples caixa de sapatos, latinha de leite em pó ou algo semelhante (desde que tenha tampa) como uma caixa de madeira um pouco mais elaborada. O primeiro passo é transformar esta caixa numa câmara escura. Para isso é necessário escolhermos uma caixa com uma tampa que vede bem o interior da mesma. Com tinta preto-fosco pintamos o interior da câmara, inclusive a tampa. Podemos também utilizar um papel cartão preto para forrar a câmara, ao invés da tinta. O importante é mantermos a câmara realmente escura. Depois, com o auxílio de uma agulha, furamos um pequeno buraco em uma das laterais da caixa/câmera. Em alguns casos, onde a dureza do material usado para câmera não permite um furo perfeito (que é fundamental), devemos então fazer um buraco maior e colar sobre ele um pedaço de papel alumínio ou um retalho de latinha de cerveja e neste sim, fazermos o furinho de agulha. Isto irá facilitar e melhorar o trabalho.


É importante observarmos que o tamanho do furo deve ser o menor
possível, com um diâmetro que não ultrapasse o da ponta da agulha. Isto é relevante em termos de definição focal e nitidez na imagem gerada pela pinhole. Devemos entender que uma imagem desfocada é conseqüência de um furo muito grande, isso em relação ao tamanho da câmera pinhole. Quanto menor a câmera, menor deve ser o furo. Evidentemente que para cada tipo e tamanho de câmera, haverá de ser este furo proporcional à distância focal. Considerando que para uma pequena câmera, tipo caixinha ou lata, fazemos um furo com agulha, para uma câmera de grandes proporções, podemos chegar a um furo com diâmetro de um dedo polegar. Podemos também usar tabelas de cálculo para conseguimos um furo no tamanho ideal e preciso. Contudo, nada se compara ao entendimento empírico, experiência artesanal e a simplicidade. Os resultados são sempre mais encantadores. Chamamos de plano focal a distância ideal onde a imagem é projetada com o melhor foco.


O segundo passo será o de verificarmos que não exista nenhum outro ponto por onde a luminosidade externa possa entrar além do orifício já feito. Este por sua vez deverá ser vedado pelo lado de fora da pinhole com um pedacinho de fita isolante preta, que servirá como o dispositivo de controle da entrada de luz no interior da câmera. Temos assim uma câmera fotográfica Pinhole pronta para o uso. Basicamente, a câmera é feita assim. Podemos, à medida em que vamos experimentando, aperfeiçoar um pouco mais e adaptar a pinhole ao nosso modo e conforme a meta que pretendemos atingir.

TAMANHOS & FORMATOS PINHOLE

O tamanho e o formato das imagens que a câmera produz depende, quase sempre, do tamanho e formato usados para construí-la. Como foi dito anteriormente, podemos fazer e usar câmeras pinhole de todo tipo e tamanho. E conseguirmos os mais diversos efeitos. Se por exemplo, a idéia é obter fotografias com efeitos distorcidos, tipo grande angular, podemos usar uma lata redonda para ser a câmera ou então colocarmos o material sensível à luz (papel fotográfico ou filme) curvado lá dentro. Se fizermos ao invés de um, dois ou mais furos na câmera, teremos imagens sobrepostas e duplicadas. Dupla exposição também provoca sobreposição de imagens. Esses e outros efeitos podem ser conseguidos e explorados, dependendo tão somente da engenhosidade e criatividade de cada um.


ALGUNS MODELOS DE CÂMERAS PINHOLE


CÂMERAS PINHOLE DE PEQUENOS FORMATOS


CÂMERA PINHOLE ESTEREOSCÓPICA C/ DOIS
FUROS PRODUZ IMAGENS DUPLAS COM EFEITOS ÓTICOS 3D


CÂMERA DE MADEIRA COM VARIAÇÕES DO PLANO E DISTÂNCIA FOCAL. ESTE TIPO DE CÂMERA
PERMITE CRIAR IMAGENS COM OPÇÕES DE DISTÂNCIAMENTO ENTRE O FILME E O FURO,
VARIANDO O TAMANHO E A COMPOSIÇÃO DO OBJETO FOTOGRAFADO.


CÂMERA 360 GRAUS COM VÁRIOS FUROS EM VOLTA DA LATA QUE PERMITE O REGISTRO DE IMAGENS DIVERSAS POR TODOS LADOS. O RESULTADO PODE SER AINDA MAIS SURPREENDENTE.


CÂMERA PINHOLE PARA FILMES 35mm. A GRANDE VANTAGEM DESTE MODELO É PERMITIR VÁRIAS
TOMADAS DE UMA SÓ VEZ, ALÉM DA POSSIBILIDADE DE SE FAZER CÓPIAS AMPLIADAS.

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# O TAMANHO, O FORMATO E MAIS UMA SÉRIE DE DETALHES DE UMA PINHOLE SÃO COISAS
QUE CADA UM DEVE DESCOBRIR E ADEQUAR A SEU GOSTO. O DESENVOLVIMENTO
E (EM CONSEQUÊNCIA) A QUALIDADE DAS FOTOGRAFIAS IRÃO SURGINDO CONFORME
O ENVOLVIMENTO DA PESSOA COM O PROCESSO.



COMO MANIPULAR E FOTOGRAFAR COM A PINHOLE

Usar a câmera pinhole é muito simples. Primeiramente precisamos lembrar que o material usado dentro da câmera (o filme que originará o negativo) requer certos cuidados na hora do manuseio. Devemos lembrar que este material é sensível à luz; portanto, o carregamento da câmera deve ser feito em um local seguro, que evite a velação do papel/filme. Em princípio, podemos usar na pinhole qualquer tipo de filme ou papel fotográfico para registrarmos uma imagem. Mas normalmente e para termos total controle do processo, usamos na produção do negativo, o papel fotográfico para P&B ou filmes ortocromáticos de artes gráficas (fotolito) com baixa sensibilidade, semelhante ao papel. A vantagem de se usar este material é a de termos a possibilidade de manuseá-lo com segurança, podendo ver o que estamos fazendo sob uma luz vermelha, que não danifica o filme. Assim, para carregarmos a pinhole com papel/filme, basta fixá-lo na parede interna da câmera, centralizando-o frente ao orifício e tampar a caixa.

Para se fotografar com esta câmera é necessário uma exposição prolongada. No momento da tomada da foto, a câmera deve
estar
apoiada sob uma base firme, evitando como resultado uma imagem tremida. É preciso praticar várias vezes alternando para mais ou para menos a exposição e tomando sempre o cuidado de anotar os tempos, para se chegar a um resultado satisfatório.

Uma dica:
Quanto maior a câmera, ou melhor, quanto maior a
distância do furo ao filme/papel, maior deve ser o tempo de
exposição. Este tempo está também relacionado à quantidade de luz da cena que queremos fotografar. Não espere conseguir imagens noturnas com apenas alguns minutos de exposição. A luz tem um papel fundamental. A composição de uma fotografia e seu enquadramento também depende de experiências previamente realizadas, pois a Pinhole não possui um visor. Esta talvez seja uma de suas características principais; mais uma vez, vale o elemento surpresa.

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PINHOLE EM CÂMERAS FOTOGRÁFICAS CONVENCIONAIS



Podemos transformar uma câmera fotográfica comum, numa
câmera pinhole. Basta que esta câmera tenha um controle de tempo que nos possibilite uma exposição prolongada (tempos B ou T no botão do obturador). Câmeras em que podemos deixar a luz incidir sobre o filme pelo tempo que quizermos. Como sabemos, para se fotografar com uma pinhole é preciso de tempo às vezes longos, às vezes nem tanto. Depende da quantidadede luz sobre a cena que desejamos fotografar. A transformação não exige grandes adaptações e nem prejudica o equipamento - é simples. O material necessário é somente papel cartão preto (tipo fotoplus), tesoura, lápis ou compasso, agulha e fita adesiva. Podemos construir uma pinhole para uma câmera com ou sem objetiva. Existem diferenças: Com objetiva (lente) - Quando vamos fazer uma câmera pinhole usando suas próprias lentes, na verdade estamos apenas criando um novo e menor diafragma, tendo assim uma maior profundidade de campo, ou seja, dando condições para que toda a cena esteja em foco, do primeiro até o último plano. Para este tipo, nós precisamos recortar no papel cartão um círculo que tenha o mesmo diâmetro da objetiva. Tire as medidas pela circunferência de um filtro qualquer da objetiva e fure o centro do círculo. O tamanho do furo não precisa necessariamente ser minúsculo, considerando o fatoda câmera possuir a lente que corrige o foco. O círculo de papel cartão deve ser fixado em frente a lente, como um filtro. Está pronta para usarmos!



Sem objetiva - A pinhole para uma câmera sem objetiva é autentica, pois sua imagem será gerada sem uma lente de correção. É uma verdadeira pinhole com recursos de uma câmera convencional. Para esta, usaremos o mesmo processo de confecção da primeira, com o detalhe para o círculo de papel que deve ser feito com mais cuidado. O furo deve ser feito com a ponta de uma agulha fina. Observaremos se o buraco não apresenta rebarbas de fibras, que podem comprometer a qualidade da imagem. A seguir, tiramos a objetiva da câmera e em seu lugar fixamos o círculo de papel cartão. Devemos vedar bem ao fixarmos nosso pinhole, evitando que a luz entre por outros lugares senão o pequeno orifício. Está pronta!


Nos dois casos apresentados, a maneira de se fotografar é a mesma. A câmera deve estar com o obturador regulado em tempo B ou T. A exposição exige um tempo que, mesmo sendo pequeno, precisa que a câmera esteja bem apoiada para evitar uma imagem tremida ou borrada. Neste tipo de experiência estamos somando a técnica da pinhole com a de um equipamento convencional. O resultado é uma fotografia essencialmente pinhole, com inúmeras vantagens e os recursos que uma câmera 35mm pode nos oferecer, além da possibilidade de uso dos diversos tipos de filmes (P&B, Cor, Infra-vermelho, Cromo, Gráficos, etc...). As imagens geradas nesses negativos e positivos, embora pequenas, podem ser ampliadas de forma digital ou analógica.

domingo, 14 de junho de 2009

Entendendo a Profundidade de Campo (DOF)

Os questionamentos sobre a profundidade de campo nas comunidades fotográfica são tão freqüentes quanto as confusões e equívocos sobre o tema. Assim justifica-se um esforço para demonstrar como tal fenômeno se desenvolve e, principalmente, como seus fatores causadores impactam sobre seus resultados.

Fisicamente só existe foco de fato em um único plano com profundidade infinitamente pequena. O que chamamos de Profundidade de Campo (Deep Of Field) é na verdade um intervalo onde o resultado, já na cópia final, gera círculos de confusão menores do a acuidade visual humana consegue distinguir. Assim teremos a impressão de que as imagens naquele intervalo ainda se encontram nítidas, não porque elas realmente se encontrem nítidas e sim porque nossa acuidade visual é incapaz de perceber diferenças entre o que está e o que não está nítido naquele ponto da imagem.

Assim temos três grandes fatores chave no que chamamos de profundidade de campo (DOF). O tamanho dos círculos de confusão capturados, a ampliação realizada sobre eles para produzir a cópia final e a própria acuidade visual humana a uma dada distância.
O tamanho dos círculos de confusão capturados é dado por aquelas variáveis tipicamente atribuídas como causadoras (mas que diferente do que é pregado não são as únicas) da Profundidade de Campo, que são a Abertura, Distância do objeto em foco e distância focal (DF). A variação destes itens modifica o tamanho dos círculos de confusão formados sobre a mídia. Com relação a estes primeiros itens podemos dizer:

Aumentar a abertura -> Aumenta os círculos de confusão.
Aumentar a DF -> Aumenta os círculos de confusão.
Reduzir a distância em relação ao objeto em foco –> Aumenta os círculos de confusão.

Mas essa não é toda a história, o tamanho dos círculos de confusão, por si só, não diz nada sobre a DOF até sabermos o tamanho final com o qual tais círculos de confusão serão vistos pelo observador. Para obtermos tal tamanho precisamos saber quão ampliados estes círculos de confusão (projetados sobre a mídia) serão quando fizermos a cópia final da imagem. Tal ampliação é dada pela relação do tamanho da cópia pelo tamanho da mídia. Quanto mais precisamos ampliar a imagem para obter a mesma cópia final, maiores ficarão os mesmos círculos de confusão. Desta forma podemos dizer que reduzir a mídia ou aumentar a cópia aumenta também o tamanho final do círculo de confusão final, ou seja, quando for mantida a abertura, Distância Focal e distância do objeto em foco, e o mesmo tamanho de cópia final, então as mídias menores produzirão Profundidades de Campo menores, diferentemente do que reza a crendice popular.
Neste ponto deste artigo muitos devem estar se perguntando “por que as compactas apresentam maior profundidade de campo para um mesmo ângulo de visão, se a redução do tamanho da mídia faz com que os círculos de confusão sejam mais ampliados?” O que leva as compactas a terem maior DOF não é o tamanho da mídia e sim a menor distância focal, pois esta faz com que a redução da DOF evolua em uma função quadrática, enquanto o tamanho da mídia possui uma evolução linear. O tamanho da mídia na verdade compensa parte do aumento da profundidade de campo que deveria ocorrer em decorrência da redução da distância focal, mas não o suficiente para manter a DOF constante.
Tal confusão é criada porque muitos fotógrafos se esquecem de isolar as variáveis para analisar como cada uma impacta no fenômeno separadamente. Quando compomos estes itens e travamos o ângulo de visão da objetiva (para que ambas as câmeras “vejam” a mesma coisa), então precisamos de uma distância focal menor, para conseguir isso em uma mídia menor. Como a distância focal possui maior impacto (como dito anteriormente) as câmeras com mídias menores, quando fotografando com o MESMO ÂNGULO DE VISÃO, acabam tendo uma menor DOF, não em decorrência do tamanho da mídia (como muitos pregam) e sim em decorrência de termos que compensar a distância focal para obter o mesmo resultado, em termos de ângulo de visão.

A última questão referente à profundidade de campo é relacionada à acuidade visual humana. Experiências mostram que o ser humano é capaz de resolver linhas de cerca de 0,2mm a uma distância de 25cm. Como a acuidade visual humana é um fator praticamente constante (daí raramente ser tratada quando se fala de distância focal) , esta questão fica praticamente nas mãos de uma variável, que consiste na distância de visualização. Sempre que afastamos a imagem visualizada temos então um aumento da DOF, pois ao aumentar a distância de visualização os círculos de confusão são percebidos em uma resolução abaixo da que tínhamos anteriormente.
Assim podemos resumir a questão da Profundidade de Campo da seguinte forma:
Aumento da abertura –> Reduz a DOF.
Aumento da DF –> Reduz a DOF.
Redução da distância do objeto em foco –> Reduz a DOF.
Redução do tamanho da mídia –> Reduz a DOF.
Aumento da cópia final –> Reduz a DOF.
Aumento da distância de visualização –> Aumenta a DOF.

As variáveis sintetizam os fatores que influenciam na profundidade de campo, assim como seus respectivos impactos sobre a mesma. Rotineiramente pensamos em três delas, alguns se lembram de incluir a mídia e a ampliação e raros se lembram da distância de visualização. Todos são componentes responsáveis pela DOF e não é possível tratar da mesma sem considerar cada um deles, pois a exclusão de algum dos itens não permitiria obter a relação entre tamanho final dos círculos de confusão e a acuidade visual humana, que é o cerne da própria definição do que chamamos de Profundidade de Campo.

Espero que este artigo tenha esclarecido as principais dúvidas sobre o tema. Para os que tiverem interesse em calcular a profundidade de campo de suas fotos o Mundo Fotográfico oferece o software DOF Calc gratuitamente em versões para uso na web ou executável para Windows e Mac.

Autor: Leo Terra
Autor dos cursos da Teia do Conhecimento

leituras & fotografias: fragmentos de textos literários

O Retrato

Eu quero a fotografia,
os olhos cheios d'água sob as lentes,
caminhando de terno e gravata,
o braço dado com a filha.
Eu quero a cada vez olhar e dizer:
estava chorando. E chorar.
Eu quero a dor do homem na festa de casamento,
seu passo guardado, quando pensou:
a vida é amarga e doce?
Eu quero o que ele viu e aceitou corajoso,
os olhos cheios d'água sob as lentes..

in Bagagem de Adélia Prado.
Livros Cotovia, Lisboa, 2002.

“Da Fotografia a Preto e Branco ao Digital” Texto de Fernando Cunha

A fotografia é hoje em dia um instrumento quase indispensável para a sociedade. Em quase todos os lares, existe uma máquina fotográfica. É comum os amigos e famílias usarem as fotografias para guardarem momentos especiais e não só, mas será que sempre foi assim? Será que a fotografia sempre foi tão acessível como é hoje?

Para tentar explicar tudo isto fui a umas das casas de fotografias mais antigas da vila, Foto Matos, onde falei com o fotografo Lima Pereira.

É sensato começar por dizer que a Fotografia a preto e branco não tem nada a ver com o trabalho que é feito actualmente. A revelação era um trabalho moroso e totalmente manual, sendo este processo algo complicado não estando ao alcance de qualquer pessoa. Para a realização deste processo “era necessária a escolha do tipo de papel mais adequado, sendo que existia um tipo de papel para quando os negativos estavam mais suaves, outro para quando estavam mais duros e outro para quando se encontravam normais”, cabia ao fotógrafo fazer a escolha. A passagem do negativo para o papel fazia-se através de um ampliador manual, que fazia a impressão do negativo na folha. A pessoa que fazia este trabalho tinha de controlar o tempo de luz ou pela experiencia que já tinha ou um pouco à sorte, tentando várias vezes até a fotografia ficar bem. Em seguida, vinha a parte química da revelação, para a sua realização era necessário ter um conjunto de químicos (revelador, fixador, branqueador). Existiam umas medidas e tempos predefinidos, mas cada fotógrafo com a sua pratica definias as suas próprias medidas e tempos. Nesta parte química, as fotografias eram primeiramente colocadas no revelador, passando depois para o fixador (“no fixador não podiam estar tempo de mais, pois corria-se o risco de com o passar do tempo estas vir a ficar amarelas ou até mesmo desaparecer”). Por último, passava-se à lavagem das fotografias, “eram posta em cuvetes com água a correr para tirar os químicos e ficavam lá mergulhadas por vezes até perto de um dia, e todas a fotos levavam um retoque final”, onde eram limpas manualmente retirando por exemplo pó ou um cabelos que ficasse marcado na altura da impressão.

Como podem constatar era realmente um procedimento muito trabalhoso, demorado e que exigia bastante perícia. Outro facto relativo ao preto e branco é o elevado preço, era um trabalho bastante caro fruto de todos estes pormenores que já referi.

Segundo Lima Pereira, “a fotografia já na era das cores tinha inicialmente um processo de revelação igual ao do preto e branco”, mas entretanto surgiram as primeiras máquinas de impressão que vieram tornar a revelação de fotografia num acto mais vulgar. Se no processo manual era necessário realmente perceber de fotografia, com este método tornou-se mais simples ficando mais acessível. Em relação aos custos, houve alteração radical ficando muito mais barato revelar fotografia. Isto é comprovado pelo seguinte, “se processo manual se quisesse revelar vinte fotografias tinha-se de fazer vinte vezes o processo de revelação já com esta automatização bastava carregar no botão e saiam vinte fotografias”.

O próximo passo na história da fotografia foi o digital. Com esta evolução Lima Pereira, afirma que “perderam-se totalmente as noções originais do que era a fotografia”. Nos dias de hoje qualquer pessoa pode revelar fotografia, claro está que uns o fazem melhor do que outros. Continua a existir o processo de correcção de fotografias, mas com o digital faz-se tudo por computador e é muito mais fácil realizar esse trabalho. Através de programas electrónicos podem-se fazer coisas impensáveis à uns anos atrás, tais como, colocar uma pessoa num local onde não esteve ou mudar a roupa de uma pessoa.

Quanto à componente económica é muito mais barata que a fotografia a preto e branco, não só devido a “este ser um processo muito menos trabalhoso e moroso, à concorrência entre fotógrafos mas também devido ao facto de as pessoas hoje em dia em vez de revelarem as fotografias as armazenarem, e como forma de incentivo baixam-se os preços”.

No entanto, mesmo com todas estas vantagens que referi têm-se voltado a aderir à fotografia a preto e branco. Mas achas que a fotografia a preto e branco dos dias de hoje é produzida pelo mesmo processo de antigamente?

A resposta é claramente não, até porque “são cada vez menos a pessoas que ainda sabem realizar esse processo e também porque não iria ter o mínimo de rentabilidade”. O preto e branco de agora é automático, muda-se de cores para preto e branco no computador e também em quase todas as maquinas exista já uma opção que permite tirar logo a foto no modo preto e branco. “Estas fotos são impressas no mesmo papel da fotografia a cores e têm o mesmo preço. Contudo comparando o preto e branco de antigamente com o da actualidade, não à margem para duvidas, o de antigamente é de uma qualidade muitíssimo superior”. Era um trabalho que exigia muito mais profissionalismo, mais custos, mas que era de maior qualidade e sobre tudo eram mesmo preto e branco. Agora ficaram a pensar o que quero dizer com isto do eram mesmo a preto e branco, passo a explicar, actualmente as fotografias chamadas de preto e branco mais não são do que uma conjugação de tons de cinzento.

Em suma, a fotografia sofreu grandes transformações ao longo dos anos e a todos os níveis, de tal forma, que vieram tornar a fotografia em algo banal e de fácil manejo. Desmistificou-se o ideal de fotografia, sendo que hoje em dia o essencial para fotografar é não cortar cabeças e pés. No entanto há também o lado positivo de que toda a gente pode utilizar e gozar dessa arte que é fotografar.




Fernando Cunha

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Concursos Fotográficos

Prêmio Porto Seguro de Fotografia 2009
Publicado por Eduardo Chaves
Arquivado em: Concursos


A Fotografia e o tempo


A Fotografia e o tempo Desde o seu aparecimento, em meados do século XIX, a relação da fotografia com o tempo ajuda a definir sua natureza. Afinal, para muitos, o que é a fotografia a não ser a materialização do desejo de captar o fugaz, o transitório? De fato, essa é uma de suas características e talvez aquela que a torna tão interessante, capaz de seduzir a todos que dela se aproximam, do velho à criança.


Das longas exposições para a produção de daguerreótipos até a captação via celular de uma imagem para ser enviada quase automaticamente a qualquer parte do mundo, a fotografia mantém seu caráter sedutor. Justamente por essa capacidade de congelar o instante, tornando perene o fugidio, ela fascina quem a vê.


No entanto, a relação da fotografia com o tempo não se resume à sua mera (e ao mesmo tempo estupenda) capacidade de congelar o fugaz.


Indicando uma “segunda natureza” da fotografia, vários de seus operadores se prestaram e se prestam a explorar suas possibilidades de instrumento para preservar a extensão do tempo. E essas possibilidades sempre foram inúmeras. Desde as primeiras fotomontagens de meados do século XIX às últimas experiências cinematográficas, o que foram elas a não ser tentativas bem-sucedidas de fixar a duração, de aprisionar e estender o tempo?


E aqui a referência não é apenas ao tempo corrido do cotidiano, dominado pelo relógio. Também está em pauta o tempo dilatado dos símbolos e aquele sintético das alegorias que desde sempre povoaram as fotomontagens, tenham sido elas produzidas a partir da montagem artesanal de fotos justapostas a outras fotos ou das trucagens digitais.


Do século XIX ao XXI, ao lado de produções fotográficas que congelavam o instante, emergiu e seguiu paralela uma fotografia que – quem sabe insatisfeita com aquela sua “primeira natureza” – investiu em intersecções de flagrantes, sequências de deslocamentos...


Walter Benjamin observou em um de seus ensaios que à fotografia isolada faltava algo e que essa lacuna era o que a levava a ser complementada por legendas ou, então, por outra fotografia, e outra, e outra...


Enfim, é no congelamento do instante ou na criação de uma extensão temporal, objetiva ou não, que a fotografia opera, seja ela uma fotografia jornalística, publicitária ou “autoral”; seja ela analógica ou digital.


Nesta edição do Prêmio Porto Seguro Fotografia, a relação ambígua entre o tempo e a fotografia é recolocada em cena, abrindo a possibilidade para que seus mais diversos praticantes possam colaborar na ampliação deste debate. Digital ou analógica, materializada no papel ou enviada via celular; comprometida com os mais variados propósitos ou ostensivamente “pura”, é a maneira como o fotógrafo opera com o problema do tempo na construção da imagem (às vezes indo contra as próprias injunções do aparelho) o que interessa ao Prêmio Porto Seguro Fotografia investigar, exibir e premiar. Tadeu Chiarelli Curador do Prêmio Porto Seguro Fotografia 2009.


Para acessar o regulamento e as inscrições, acesse:

http://www.mapadasartes.com.br/setoresnn.php?sal=1&sid=19