quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A funcionalidade da Imagem

Qual a função de um retrato? O que se prende ou apreende quando fazemos um retrato?

Rosângela Rennó, em seu “arquivo universal” nos apresenta uma série de sugestões de imagens que remetem á conclusões ou indagações pautadas em nossas subjetividade e história.

Ora, é notório que cada imagem representa algo, nos leva a divagar por ela, analisá-la, gostar ou não, ter repugnância, amor ou simplesmente indiferença. Mas e quando ela não se faz presente?

No exercício simples, ao olharmos para um porta-retrato sem retrato, temos aberta uma infinidade de opções. Não mais divagamos pela foto, mas sim, sobre ela. Na verdade, qualquer coisa pode se encaixar ali.

Contudo, tal ato de resgate não faz-se mister sua impressão, haja vista tão somente uma realização do ego humano. A mente é dotada na capacidade em reter de forma sensorial até mais depurada que o estrito campo da visão tal imagem.

Já, inclusive, há no ângulo de ver a imagem como esquecimento através de imagens apropriadas, Rosângela Rennó retrata daquelas tendo o discarte das imagens por temáticas; onde figura-se nos, em abordagem, que faz-nos-ia, após um tempo já decorrido, abandoná-las? Será movido por renovação, ou vidamento, ou então até mesmo puramente descompromisso com o passado.

Parece que Rosângela percebeu estas nuances da relação do homem com a imagem. Tanto que seu livro aborda desde pontos que nos remetem a imagem, até imagens que nos remetem a nada, ao real, esse elemento indizível capaz de lembrar da mortalidade humana.

RENNÓ, Rosângela: “O arquivo universal e outros arquivos”

Casac & Narf, SP, 2005

A questão da imagem fotográfica está ligada a eternização de um momento da vida em que trazemos a tona os sentimentos vividos no momento em que registramos o acontecimento.

Um dos aspectos das fotografias que escolhemos, que foram fotos de casamento, são todas dentro do carro na saída da igreja, fotos em preto e branco que causam um sentimento nostálgico, retratam um momento de felicidade, um misto de alegria e expectativa – a partir daquele momento a vida está mudando.

Também levamos em conta o fato da tradição. As pessoas já se posicionavam para aquela foto. Hoje em dia acontece das pessoas pedirem sempre a mesma coisa. Em termos de diferença acreditamos que podemos destacar o não uso de fotos tão parecidas e padronizadas como estas.

Procuramos hoje simplesmente retratar a emoção do momento com poses mais descontraídas, olhares entre os noivos que demonstram a sintonia de sentimentos vividos pelos dois naquele momento.

Enfim, todos tem a mesma finalidade de retratar o momento se tornando um documento, um registro.

Nenhum comentário: